A Avó Aida fez ontem 102 anos!
Uma pequena/grande mulher.
Sempre com as mãos entrelaçadas no colo. Apertava com rapidez o lenço na cabeça e ajeitava o cabelo que teimava ficar de fora.
Sempre conheci a minha avó a fazer malha. Tinha uma caixa rectangular, branca, com uns bonecos a dançar folclore, onde guardava as suas coisas da malha.
Sentava-se na cadeira junto à salamandra da sala de refeições e tricotava horas perdidas, parando de vez em quando para ver a televisão, ou para "ralhar" com o avô, quando ele com o seu comando especial, mudava constantemente os canais...
Fazia comer e bolos como ninguem. Os seus famosos biscoitos, quase que guardo gravado o sabor e a cor que tinham.
Lembro-me de lhe pegar muito nas mãos. Tinha o dedo mindinho da mão direita, torto e eu sempre lhe perguntava porquê, ao que ela dizia que foi a fazer a cama...ouviu um estalinho e o dedo ficou assim. Depois era a pele já "dançando" nas suas mãos."Oh avó, tens mãos de farinheira"...e ela ria.
Aos 82 anos, prega-nos a partida de tirar um peito, e aí achei que ia perder a minha avó. Deitada na cama e eu a olha-la fiquei com medo. Mas como mulher rija que sempre foi, ultrapassou tudo e ainda nos fez companhia por mais 10 anos.
Tenho saudades da minha avó. Das nossas conversas...de a abraçar...de a beijar na testa como sempre fazia.
Parabéns avó! Dá um abraço ao "Ti Pacheco"!
Até qualquer dia, para nos sentarmos a conversar...tenho tanta coisa para te contar!!!!